quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Os 10 Piores Filmes de 2009


Vergonha alheia

Dos filmes que foram lançados no Brasil em 2009 (não importa a data de lançamento lá fora), muitos fizeram esforço para entrar na lista dos piores do ano. Muitos mesmo. Algumas superproduções brilharam no campo da mediocridade, sem falar nos claramente toscos. Muitos filmes nacionais também quiseram fazer parte dessa seleta lista. Então lá vai: na minha opinião, os piores do ano são:

1. The Spirit
2. Dragonball Evolution
3. X-Men Origens: Wolverine
4. Street Fighter: A Lenda de Chun-Li
5. Besouro
6. O Dia Em Que a Terra Parou
7. Ouro Negro
8. Transformers – A Vingança dos Derrotados
9. Lua Nova
10. O Exterminador do Futuro – A Salvação

Eu sei que 3 filmes são polêmicos nessa lista, mas, como já disse, é a minha opinião. Faltou algum? Discorda completamente? Mande a sua sugestão de lista dos piores.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Os 10 Melhores Filmes de 2009


Um brinde aos melhores

Deixemos uma coisa bem clara: valem para essa lista os filmes que foram lançados no Brasil em 2009 (não importando quando foram lançados lá fora). Os melhores, na minha modesta opinião, foram:

1. 500 Dias Com Ela
2. O Leitor
3. Abraços Partidos
4. Up – Altas Aventuras
5. O Casamento de Rachel
6. Star Trek
7. Deixa Ela Entrar
8. Distrito 9
9. Quem Quer Ser Um Milionário?
10. Anticristo

Muita gente vai me perguntar: "e o Bastardos Inglórios?" Pois é, achei bom filme, divertido, mas nada demais. Se não fosse do Tarantino ia ter um monte de crítico falando mal, mas como é dele...

Concordou? Não? Quem ficou de fora da lista?

1.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Comentário Amigo - Duna, por Celso Ferreira


Perdi Meu Avatar Atrás Daquela Duna

A culpa é do Marcio Rolla!

Teria sido um simples filminho em DVD numa tarde sem nada para fazer, mas aí o meu amigo resolveu comparar Avatar com Blade Runner, Star Trek e 2001, concluindo acertadamente que todos eram melhores que o grande lançamento de 2009. Isso foi o suficiente para que eu, meio que de brincadeira, dissesse: “vou comparar Duna e Avatar”.

E não é que eles são realmente parecidos? Não acredita? Então vamos lá!

Baseado na obra de Frank Herbert, Duna foi filmado em 1984 e dirigido por David Lynch, aquele mesmo sujeito indicado ao Oscar de melhor diretor por O Homem-Elefante, Veludo Azul e Mulholland Drive. O filme retrata a porradaria entre os Fremen, liderados pelo “prometido” Paul Muad’dib, que antes atendia pelo pomposo nome de Duque Leto de Arrakis (duque de araque?), e os Harkonnens, parceirões do Império e que haviam enviado o tal Duque e sua família para o planeta Duna com a intenção simples e singela de ver o camarada morrer.

A essa altura você está se perguntando onde raios eu vi alguma semelhança entre os dois filmes, mas basta colocar de lado a trama principal (chamemos de ROTEIRO) para perceber que existe uma série de semelhanças entre Duna e Avatar. Para começar, ambas as histórias partem de um ponto comum: um elemento natural existente apenas em um determinado planeta torna-se de alguma forma essencial, a ponto de despertar a cobiça de outros povos. Em Avatar, esse elemento é um mineral, em Duna, a especiaria laranja.

Passando por questões ambientais (essencialidade da água em Duna, riqueza da flora e da fauna, em Avatar), os filmes vão seguindo sua trilha, que é, como eu disse, permeada de semelhanças: a presença de um ser estranho que acaba por se tornar um líder (Paul Muad’dib e Jake Sully), a integração entre homem e natureza como única saída para o sucesso da resistência, a necessidade de utilização de equipamentos especiais para sobreviver à atmosfera dos planetas “alienígenas” e por aí vai.

Posta de lado qualquer comparação injusta que se faça quanto à produção dos filmes (25 anos são muita coisa em termos de efeitos especiais), talvez a única diferença entre um e outro seja a forma como a questão ambiental é tratada. Enquanto em Avatar o que se busca é a preservação de Pandora, em Duna o objetivo é justamente o oposto: destruir a especiaria laranja para forçar o Império e os Harkonnens a sentarem para conversar (mas ainda assim a necessidade de integração homem/natureza permanece na figura dos vermes de Duna). É como se o Kwait resolvesse extinguir todas as suas reservas de petróleo para evitar que outro país o invadisse.

Ah não, me perdoem, existe outra diferença entre Duna e Avatar: é o tal do roteiro. Avatar, no final das contas, é uma bela justificativa para um desfile deslumbrante de efeitos visuais e só. A história, como o próprio Marcio Rolla observou, é infantil e mal desenvolvida pelo seu diretor/roteirista. Duna, ao contrário, tem uma estrutura muito mais complexa e foi muito mais bem explorada por David Lynch. Ambos partem da dualidade bem/mal, mas em Duna você não sabe ao certo quem é quem, embora seja levado claramente a torcer por um dos lados.

Qual dos dois é melhor? Bem, não sei se pretendo ver Duna novamente, mas sei que assistir a uma nova sessão de Avatar não está nos meus planos. Porque tanta festa em torno do filme de James Cameron então?

Talvez Frank Herbert estivesse certo quando observou, ainda no início de seu livro, que os homens precisavam treinar suas mentes...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Compromisso assumido


Encontro de Casais

Parece que está na moda um estilo de comédia com piadas bem masculinas. Este ano fomos presenteados com duas delas bem engraçadas: Eu Te Amo, Cara e Se Beber, Não Case. Pois chegou mais uma para se juntar ao time: Encontro de Casais.

4 casais amigos vão para um resort com uma programação específica para salvar casamentos. E aí eles vão se resolver por lá. O argumento é simples, mas a fórmula funciona. Se não é tão engraçado quanto outros filmes, ainda assim diverte. E muito. E muito por causa do elenco. O time masculino repete caracterizações. Vince Vaughn e John Favreau garantem a condução do filme (e, curiosamente, o roteiro também é deles) com aqueles personagens que eles fazem com frequência. Jason Bateman continua sendo o chato certinho de plantão. Malin Akerman, Kristen Bell e Kristin Davis estão lindas, charmosas e dão credibilidade ao pouco assunto do filme. 4 atores, no entanto, surpreendem e provocam as risadas. Jean Reno faz um papel completamente diferente do que estamos acostumados a ver. E os poucos conhecidos Faizon Love, Carlos Ponce e Peter Serafinowicz roubam todas as cenas em que aparecem.

O filme começa, engrena e acaba e você só se dá conta disso quando chega o final cliché. Sinal de que a coisa foi divertida. Encontro de Casais é isso: divertido. Cumpre o seu compromisso com a platéia.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Cantando no Natal


As 5 Melhores Músicas de Natal do Cinema

Se você vai ter que encarar aquele almoção que junta a família toda, que tal um trilha sonora especial? Muitos filmes falam de Natal e quase todos têm canções específicas sobre o tema. Selecionei 5 delas para fazer aquela comida requentada descer mais fácil... Feliz Natal.

1. Christmas Is All Around - Bill Nighy está impagável como o roqueiro decadente que grava uma música oportunista para voltar à fama. E consegue. É uma versão de Love Is All Around e faz parte da trilha sonora de Simplesmente Amor.

2. All I Want For Christmas Is You - também de Simplesmente Amor, esta canção é levada com muita competência pela Olivia Olson (menina ainda, quando gravou). Os produtores tiveram que "piorar" sua voz para o público acreditar que era realmente uma menina cantando.

3. White Christmas - clássica canção natalina interpretada por Bing Crosby em Natal Branco. Figurinha fácil em trilhas sonoras de filmes sobre Natal.

4. Jingle Bell Rock - Bobby Helm gravou esta canção em 1957 e muita gente regravou-a depois. Faz parte das trilhas de Máquina Mortífera, Meninas Malvadas e mais uma penca de filmes.

5. Somewhere In My Memory - John Williams (música) e Leslie Bricusse (letra) compuseram esta canção para Esqueceram de Mim e acabaram levando um Oscar para casa.

Alguma outra que eu tenha esquecido? Entre uma rabanada e outra, mande o seu comentário.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Presente para você


Os 15 Melhores e os 5 Piores Filmes de (ou no) Natal

Os melhores:

1. A Felicidade Não se Compra
2. Um Conto de Natal do Mickey
3. O Milagre da Rua 34
4. O Estranho Mundo de Jack
5. Feliz Natal
6. Simplesmente Amor
7. Esqueceram de Mim
8. Os Fantasmas Contra-atacam
9. Os Fantasmas de Scrooge
10. Natal Branco
11. Gremlins
12. Batman – O Retorno
13. Duro de Matar
14. Papai Noel às Avessas
15. O Expresso Polar

Os piores:

1. Sobrevivendo ao Natal
2. Papai Noel Conquista os Marcianos
3. Natal Sangrento
4. Titio Noel
5. O Natal Maluco de Ernest

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Beija eu, beija eu, beija, me beija!


A Princesa e o Sapo

E a Disney nos traz a sua primeira princesa negra. É interessante notar que ela vem quase junto com a eleição do Barack Obama. E parte da história de Tiana lembra a história da família do presidente norte-americano. E alguns grupos ainda caíram de pau no Estúdio do Mickey pela caracterização da personagem principal. Dizem que a cultura negra está estereotipada. Num desenho animado esperavam o quê? E olha que a princesa negra passa 90% do filme verde, porque vira sapo também. Resumindo: uns sugerem manipulação pró-negros, outros contra. Interessante...

Mas muito interessante é este A Princesa e o Sapo. Os Estúdios Disney voltam à animação 2D e fazem isso muito bem. Mais uma vez, não é a técnica que está em jogo, mas o bom roteiro do filme. Apesar de não trazer grandes novidades (é aquela fórmula tradicional de filmes de princesa), o roteiro aproveita o que o argumento traz de novo: a cultura de Nova Orleans. E tome vodu, tabasco, um colorido carregado e jazz. E aí o filme se aboleta no climão Dixieland. Como já disse, é um desenho animado tradicional de princesa. Sendo assim, tome cantoria. É um musical, onde todo e qualquer personagem canta e dança. Só que, neste caso, o cinema vai junto, porque estamos envolvidos com aquele gostosíssimo jazz da Louisiana. A trilha sonora é uma delícia e ficamos esperando a próxima canção. Diversão pura.

Mas o filme tem lá seu defeito: a direção. Em algumas partes, A Princesa e o Sapo se arrasta sem necessidade. A oscilação de ritmo quase compromete o resultado final, principalmente se levarmos em conta que é direcionado (única e exclusivamente) ao público infantil. Ron Clements e John Musker (que também são os roteiristas, junto com Rob Edwards) têm uma história em direção de filmes com altos e baixos. Ao mesmo tempo que fizeram os geniais Hércules, Aladin e, principalmente, A Pequena Sereia; eles também são os culpados dos horrorosos As Aventuras do Ratinho Detetive e O Planeta do Tesouro. Dessa vez, eles fizeram um bom filme, mas que poderia ter sido espetacular.

Como curiosidade ufanista, na versão original, em inglês, o príncipe que vira sapo é dublado por Bruno Campos, ator brasileiro já estabelecido no mercado dos EUA (principalmente em TV) que, por aqui, atuou em O Quatrilho. Na versão em português, quem faz a voz do personagem é o Rodrigo Lombardi, o Raj de Caminho das Índias.

Para quem tem criança em casa, é uma ótima pedida. Para quem não tem, vá para curtir o visual e a música. E você ainda vai se lembrar dos sapos (e sapas) que já beijou um dia. Não? Ah, qual é?..

sábado, 19 de dezembro de 2009

O Episódio I de James Cameron


Avatar

Nunca, que eu me lembre, vi um filme com uma imagem tão bonita. Cor, contraste e brilho excepcionalmente lindos. Isso me impressionou muito logo no início do filme. Quando Pandora é apresentada, com toda a sua fauna e flora, e sua população Na'vi, o espanto (e encanto) é o mesmo. Que riqueza de detalhes, que conceitos interessantes, que natureza linda. E é isso aí o Avatar de James Cameron.

Talvez eu tenha exagerado comparando-o com o Star Wars - Episódio I. Avatar tem um ritmo muito bom e não tem tantos personagens chatos. Realmente, como filme, não se parece com Episódio I. Talvez com o II. Mas como projeto, é o I. Mais de 10 anos para ser realizado, expectativas batendo no céu, promessas de uma revolução na experiência cinematográfica e o James Cameron nos entrega um filme de visual bonito e com efeitos especiais espetaculares. E só. O resto é o resto. A história é muito infantil (não, não é adolescente, é infantil mesmo), os personagens não cativam e até a natureza belíssima de Pandora acaba perdendo o encanto lá pelo meio do filme. Não dá para entender as indicações ao Globo de Ouro de melhor filme (drama) e melhor diretor. Cameron, dirigindo e criando visuais, é melhor que o George Lucas, mas ainda não é o Spielberg. É melhor que o Michael Bay, mas é tão pretensioso que acaba divertindo menos. Como na piada, o melhor negócio do mundo é comprar o James Cameron pelo o que ele vale e vender pelo que ele acha que vale...

O elenco é bom e 4 atores tem boas atuações. Sam Worthington tenta dar algum carisma ao personagem principal. Sigourney Weaver está segura como a cientista responsável pelo projeto. Giovanni Ribisi faz um executivo sem escrúpulos muito convincente. Mas é Stephen Lang que rouba a cena como o vilãozão do filme. Vilão dos bons, de fazer maldades bem más com cara de quem está adorando. De resto, atuações corretas e uma Michelle Rodriguez que lembra muito a personagem dela em SWAT. Ou em Resident Evil. Ou em Lost. Ou seja, Michelle lembra Michelle. É a nova Meg Ryan, todos os personagens são um só.

O roteiro, pela sua superficialidade, não ajuda o elenco. Aliás, não ajuda a ninguém, nem ao espectador. Algumas idéias são bastante interessantes. A divindade Eywa e o conceito de integração da natureza são bem legais, mas tudo mais é bobinho e previsível. A trilha sonora também não comove, apesar de não ser ruim. James Horner não é lá essa coisa toda, mas quem foi responsável pela música de O Menino do Pijama Listrado pode fazer coisa melhor.

E o que fica de Avatar é o impacto visual. O 3D não é utilizado para dar sustos, mas para dar beleza ao filme. E é isso: um filme com uma imagem bonita, talvez a mais bonita que eu já tenha visto. Sabe quando você está num bar, vê aquela mulher (ou homem, cada um com seu cada um) linda e resolve azará-la? Você vai até ela, encantado pela sua beleza, começa a conversar e descobre que ela é tão fútil e burra que começa a se questionar se vai valer a pena ficar com ela ou não. Pois é, Avatar é assim. Tão lindo, mas tão vazio. Ficamos na dúvida se vale a pena ficar. Namorar, nem pensar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Abrace essa Cruz!


Abraços Partidos

Pedro Almodóvar é um daqueles diretores que vamos assistir aos seus filmes já sabendo o que esperar. E sempre nos surpreendemos. Dessa vez, ele nos surpreende pela sutileza. Abraços Partidos é um filme sutil.

Quase dá vontade de dizer que a história não interessa muito, mas é mentira. Interessa sim, e muito. Mas o encanto com os personagens e a cena em si é tão grande, que, por vezes, nos esquecemos da história. A trama do diretor que fica cego e assume um novo nome é cativante. E Lluís Homar dá (a) vida a esse personagem de maneira magistral. Sem exageros nem economias, no ponto. E ele contracena com uma Blanca Portillo que está no mesmo nível contensão. As relações de amizade e familiares são exploradas de maneira carinhosa, mas crítica. Em outros filmes do diretor espanhol, essa explicação seria ao contrário (crítica, mas carinhosa). A maturidade da direção faz a história se desenrolar com mais tranquilidade. Mas eis que aparece a Penélope Cruz. Ah, Penélope. Ela está mais linda do que nunca e, sob a direção do Almodóvar, repete suas grande atuações no cinema espanhol. No cinema americano, ela só conseguiu uma atuação (e que atuação!) como essa com o Woody Allen em Vicky Cristina Barcelona, que lhe valeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Não volte aos EUA para filmar. Fique na Espanha. E com uma boa trama para levar.

A personagem de Penélope Cruz é a chave (de cadeia) que desestrutura as vidas de 2 homens. E, a partir desse conflito, o filme se desenrola. A trilha sonora tem um quê das trilhas que o Bernard Hermann compunha para o Hitchcock. Alberto Iglesias faz uma clara homenagem ao grande mestre das trilhas sonoras, principalmente nas cenas de suspense.

Os diálogos são primorosos, cheios de frases de efeito, direcionadas uma a uma para pontuar os sentimentos no filme. Fotografia e direção de arte estão perfeitas. Som, figurino, tudo perfeito. Mas o que chama a atenção mesmo é a dupla Almodóvar/Cruz. Ele, sutil, refinado, econômico. Ela, extravagante, dominadora, sensual, provocante. Abraços Partidos não é melhor que Fale Com Ela, mas chega perto. Não há mocinhos e bandidos, e todos têm uma cruz para carregar. E se for para carregar uma cruz, que seja a Penélope. Ah, Penélope...

Unidos da Tijuca


Praça Saens Peña

Não sei se esse filme está passando em todo o Brasil. Provavelmente não, porque não está passando nem no Rio de Janeiro todo. A bem da verdade, só está em cartaz em 1 cinema, localizado, óbvio, na Tijuca. Uma pena. Para cariocas e brasileiros.

Praça Saens Peña não é um grande filme, mas é uma grande história, com grandes atores e uma grande conivência com a platéia. Gostaria de tê-lo assistido com os amigos do Matando Robôs Gigantes, todos tijucanos, que se esbaldariam nas imagens do bairro. Não deu para entender? É, relendo eu também não entendi. Vou explicar.

O filme de Vinícius Reis quer prestar uma grande homenagem ao bairro onde ele foi criado. Consegue, mas não é um filme sobre a Tijuca. Todas as referências ao bairro acabam ficando um pouco soltas no roteiro. Na verdade, o filme é sobre uma família, não interessa o Bairro. Funcionaria no Meier, em Ipanema, no Morumbi, na Savassi, em qualquer lugar. O filme é sobre as pessoas. E aí, Vinícius conta com um quinteto de arrepiar. Chico Diaz dá show como o professor pai de família que se desdobra para ganhar dinheiro. Maria Padilha arrebenta como a mãe tijucana que controla os gastos da casa, mas não controla os seus desejos. Isabela Meirelles esculacha fazendo a filha adolescente pré-vestibulanda com variações de humor. Gustavo Falcão conquista a platéia como o músico mimadinho conquistador. E Guti Fraga está verdadeiramente encantador como o amigo que mora na comunidade.

O filme ainda conta com 2 pontos fortíssimos. O primeiro é a fotografia artítisca-quase-uma-pintura de Fabrício Tadeu. Que maravilha, que sensibilidade. O segundo é a trilha sonora de Pedro Luís. Tanto a trilha incidental como as canções são de excelente qualidade e têm função de pontuação na história.

Vinícius Reis ainda precisa amadurecer um pouco na direção (é o seu segundo filme), mas mostra muita qualidade. O roteiro (ah, os roteiros nacionais) tem aqueles errinhos de fluência de diálogos e de preparação de cena, mas conta uma história linda. E é essa história linda que fica quando a sessão acaba. Essa Praça Saens Peña não é só para os tijucanos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Menu Degustação


Julie & Julia

Nora Ephron sabe contar uma história. Ainda mais se a história é sobre relacionamentos. Desde o tempo em que era só roteirista, já sabia. É dela o genial roteiro de Harry & Sally - feitos um para o outro e ótimo (e denso) roteiro de Silkwood. Depois, quando virou diretora de suas próprias histórias, alternou bons e maus momentos. Fez porcarias como A Feiticeira e Bilhete Premiado (está certo, é com a Lisa Kudrow, o que compromete qualquer filme), mas acertou em cheio com Sintonia de Amor, Mensagem Para Você e Michael - anjo e sedutor (subestimado bom filme, na minha opinião). Agora, Nora nos presenteia com Julie & Julia. Uma deliciosa combinação de duas histórias.
A história que dá motivo ao filme é sobre Julie Powell, uma mulher de 30 anos, frustrada profissionalmente, mas feliz no casamento. O marido é daquele tipo que está sempre procurando apoiar a sua esposa e, num desses apoios, ela começa um blog onde se propõe a contar o dia-a-dia do seu desafio, refazer em 1 ano todas as receitas do livro de Julia Child. Julie é interpretada com doçura pela ótima Amy Adams. Amy precisa de papéis mais desafiadores, pois tem talento. Não pode se conformar com Encantada e Uma Noite no Museu 2. Ela é melhor que isso, como demonstrou em Dúvida e Retratos de Família, filmes que lhe renderam suas 2 indicações ao Oscar. Ao lado dela, Chris Messina está no tom certo como o maridão que dá suporte.
Mas é na outra história que o filme apresenta a razão de ter sido feito. É a história de Julia Child que permite a existência da outra história. Julia Child foi a mulher que "ensinou culinária francesa aos americanos". Como Julie, estava frustrada nas suas tentativas de hobby/profissão e tinha um marido que dava o maior apoio às suas iniciativas. A história, por si só, já é boa, mas os personagens ganham uma dimensão descomunal por causa dos seus intérpretes. O que falar de Meryl Streep? Uma das maiores atrizes da história do cinema. E quando achamos que já vimos tudo o que ela pode fazer, ela nos apresenta Julia Child. Soberba, impressionante, inesperada, inexplicável. Ao seu lado, um dos maiores atores da atualidade, mas especialista em papéis secundários: Stanley Tucci. Ele já foi o chefe de segurança que não deixa o Tom Hanks sair do aeroporto em O Terminal, o amigo dançarino do Richard Gere em Dança Comigo? e o assistente de Miranda Priestly em O Diabo Veste Prada. Aqui ele faz um Paul Child irrepreensível e encantador. Não haveria história se não houvesse Paul Child. E ela não teria a menor graça se não fosse esse Paul Child do Stanley Tucci.
Se o filme não é uma obra-prima, ainda assim é um bom filme. Não tem pretensões de fazer alguma reflexão sobre a condição humana. É entretenimento. E diverte, falando de relacionamentos. Coisa que a Nora Efron sabe fazer muito bem.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A Nora Que Papai Pediu


A Mulher Invisível

Neste fim de semana, depois de tantas pré-estréias, estreou mais uma típica comédia romântica americana. A grande diferença é que ela é brasileira. A Mulher Invisível tem todo jeito de Splash - Uma Sereia Em Minha Vida, com Selton Mello no lugar do Tom Hanks e Luana Piovani no da Daryl Hannah. Até a trilha sonora (que é bem legalzinha) é 70% internacional. Mas o filme é brazuca, para o bem ou para o mal.

Para o mal, temos o roteiro e a direção. Não são ruins, mas falham pontualmente. Só que em vários pontos do filme. Isso acaba compromentendo o interesse no desenrolar da história. Alguns diálogos forçados, umas soluções rápidas demais, outras lentas e uma oscilação na interpretação do Selton Mello que chega a incomodar. Em 50% do filme ele está ótimo. Na outra metade ele está ou inexpressivo ou exagerado. O diretor Cláudio Torres deixou correr solto.

Para o bem, temos o argumento e o elenco. A idéia da mulher ideal tornar-se realidade é muito boa. A justificativa também. Uma mulher sensacional que não existe, uma mulher real que não é percebida, controladores de trânsito que vivem presos em engarrafamentos. Se tivessem dado uma caprichadinha...

Mas o elenco é um caso a parte. Selton Mello é um grande ator, apesar de não estar tão bem assim. Vladimir Brichta está ótimo como o melhor amigo do personagem principal. Maria Manoella faz com acerto a vizinha apaixonada mas ignorada. Fernanda Torres como irmã da vizinha, Paulo Betti como chefe, Maria Luisa Mendonça como ex-mulher e Marcelo Adnet como roleteiro do cinema são um luxo. Mas é uma mulher muito visível que rouba a cena (e o que mais houver para ser roubado) do filme. É um filme da Luana Piovani. Escândalos e atributos físicos a parte, Luana é uma ótima atriz de comédia. Sua personagem não tem exageros. Há um equilíbrio entre a sensualidade e a inocência. Entre o drama e a comédia. Entre o existir e o não existir. E há a mulher Luana, como um todo, ocupando a tela do cinema, visível até não poder mais, dominando todas as cenas nas quais aparece. Idealizada ao extremo, ela, linda, assiste e comenta futebol, prepara o drinque preferido dele, perdoa as traições e ainda dorme nua esperando por ele. E com o maior jeito inocente e sem baixarias. Um acerto de interpretação da atriz. E um acerto do Claudio Torres quando escalou a Luana Piovani para o papel. Visível. Ainda bem.

O Filme é bom? Não. É ruim? Também não. Tá na categoria legalzinho. Até diverte. Mas poderia ser melhor. A Mulher Invisível não bate esse bolão todo. Já a Luana...

Dupla Nem Sempre de Dois


Duplicidade

Sabe aquele tipo de filme sem muita pretensão a não ser divertir a platéia? Pois é, Duplicidade é um deles. E cumpre o que promete. Diverte. E só, mas bem direitinho. As reviravoltas não são tão previsíveis, os diálogos são inteligentes, o humor é sutil e o romance é interessante. E embalado numa gostosa trilha do experiente James Newton Howard. Nada demais, mas tudo bem feitinho.

Em concordância com o título, é um filme de duplas. A primeira (e mais importante) é a dupla de atores principais. Julia Roberts e Clive Owen são considerados bonitos, apesar dos narizes que têm. Mas não são as narebas as únicas semelhanças entre eles. São ótimos atores, têm muito carisma e um excelente tempo de comédia. Essas qualidades fazem muita diferença no filme. Ela é uma ex-agente da CIA. Ele é um ex-agente do MI6 (o que soa como gozação, já que ele havia sido cotado para ser James Bond antes de decidirem pelo Daniel Craig). Os dois têm um romance meio complicado e decidem dar um golpe de 40 milhões de dolares. O filme é sobre o golpe e refaz, em flashback, a relação deles e a preparação do plano. O bate-bola entre eles funciona muito bem e o espectador fica na dúvida o tempo todo se eles se amam mesmo ou se estão trapaceando um ao outro. São atores sem exageros mas com muita expressão. Bela dupla.

Outra dupla do filme é a dos (verdadeiros) antagonistas: Tom Wilkinson e Paul Giamatti. São atores excepcionais e roubam a cena até quando fazem papéis bobinhos (Giamatti já foi até um orangotango, lembram?). E roubam a cena de novo. Tom Wilkinson merecia até aparecer um pouco mais. A cena dos dois, durante os letreiros iniciais, é a melhor do filme. Bela dupla.

A dupla mais impressionante do filme talvez seja a dos atores que fazem dois personagens de apoio da equipe do Clive Owen: Denis O'Hare e Kathleen Chalfant. Ele já chamou a atenção em Milk, A Troca e repete a parceria com o diretor em Conduta de Risco. Ela é uma atriz respeitadíssima de televisão, mas que, quando faz cinema, é sempre elogiada. Os dois são de uma segurança impressionante e dão credibilidade às saídas rocambolescas da história. Bela dupla.

Mas talvez a dupla mais importante seja uma dupla de um: Tony Gilroy. Ele é o diretor e o redator do filme. E se não repete a mesma qualidade de Conduta de Risco (até porque ele só está querendo entreter), ainda assim faz um filme interessante. A idéia é divertir a platéia e isso Duplicidade consegue. Este é só o segundo filme dirigido por Gilroy, mas ele vem se saindo muito bem. Como redator, sua carreira já é bem sólida (podemos citar a trilogia Bourne como exemplo). Bela dupla. De um.

sábado, 6 de junho de 2009

Saudades do James Cameron


O Exterminador do Futuro: A Salvação

Quem me conhece sabe que implico com o James Cameron. Não acho que ele seja esse diretor todo que um monte de gente acha que ele é. Ele fez filmes bem legais, mas acho a sua direção burocrática. Quer dizer, talvez seja uma burocrática plus, mas não é muito mais do que isso. Pois se já não fosse suficiente o Jonathan Mostow (e o seu pavoroso O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas), agora vem o McG e isso que deram o nome de O Exterminador do Futuro: A Salvação. Salvação mesmo é trazer o James Cameron de volta.

O argumento do filme não é argumento, é desculpa. A partir daí, arrumaram um monte de ceninhas de ação para gastar a verba (que não foi pouca) da produtora. Com isso, temos um roteiro ridículo, com soluções que oscilam entre imbecis e impossíveis. E olha que para uma solução ser impossível num filme de, digamos, ficção científica, é preciso se esforçar muito. E há esse esforço. Para fazer mal feito, a turma se esforça. E os diálogos? Chamem a Glória Perez. O Raj e a Maya têm diálogos melhores...

Nessa coisa de argumento e roteiro, eu tenho uma tese. Os dois primeiros filmes são muito legais porque temos um exterminador praticamente indestrutível perseguindo os mocinhos, que têm que fugir e ainda arrumar um jeito de acabar com ele. A história da skynet é muito legal quando contada em 10 minutos durante as perseguições. Os terceiro e quarto filmes querem falar da skynet. Isso é um saco! E nesse quarto filme a coisa piora, porque os humanos da resistência são umas bestas e as máquinas da skynet não ficam atrás. O futuro vai ser difícil de aturar...

Mas até aí parece que o senhor McG tem pouca culpa. Mas é só até aí. As cenas de ação até que são legais, mas como elas quase não têm função na história e o diretor está só preocupado em ficar mostrando as máquinas, tem uma hora em que a gente se desliga um pouco delas. A direção dos atores é péssima, apesar da qualidade do elenco. Todos estão ruins, com exceção de dois. Sam Worthington está muito bem e carrega o filme nas costas. A sua atuação faz aumentar a expectativa da refilmagem de Fúria de Titãs, em que ele fará o papel principal (Perseu). O outro ator que está perfeito no filme é Arnold Shwarzenegger. É, o velho Arnoldão está ótimo e em forma. Sua presença faz com que a gente se sinta menos ludibriado no preço do ingresso pela expectativa que o filme gerou. Christian Bale? Helena Bonham Carter? Brice Dallas Howard? Todos péssimos. E se não bastassem os bons atores com péssimas atuações, o doido do McG ainda retira do limbo o Michael Ironside, um dos maiores canastrões que o cinema já produziu. E se o cara já era péssimo fazendo papel de vilão, imagine como ele está no papel de mocinho? Ah, vai te catar, McG!

Se não tem nada bom? Até tem. Os efeitos especiais são ótimos (e isso já era esperado) e a trilha sonora, se não é maravilhosa, tem a qualidade Danny Elfman (o que não é pouca coisa). Mas é muito pouco para quem queria recomeçar a franquia Terminator. Volte, James Cameron, volte. Ou chamem o J. J. Abrahams.

Um Resgate Obrigatório da Memória Musical do Brasil


Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei

Maravilhoso e obrigatório. Foi essa a minha sensação ao final da sessão de Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei. Não só pela qualidade do documentário, mas pelo resgate de um artista do quilate de Wilson Simonal. Conhecia pouco da história dele. Lembrava de uma música ou outra e não achava nenhuma delas boa (Meu Limão Meu Limoeiro ou Mamãe Passou Açúcar em Mim, por exemplo). E ainda tinha o caso dele ter sido acusado de delatar os colegas na época da ditadura. Já com dez minutos de projeção, uma certeza: eu não sabia nada sobre o Simonal. Nada mesmo.

Mesclando imagens de programas de TV com depoimentos de artistas, amigos e intelectuais, o filme vai construindo a história do negro, filho de empregada doméstica, que se tornou o maior artista da música brasileira nos anos 60 e 70. Num determinado momento, Miele declara que Wilson Simonal foi o maior cantor do Brasil. Não sei se ele foi o maior, mas é um deles (e são pouquíssimos a brigar pelo título). Mas, com certeza, foi o maior showman que esse país já teve e, me atrevo a dizer, um dos melhores do mundo. Ninguém fez ou faz o que ele fez. E como ele fazia de maneira fácil. O talento era tanto que não parecia ser difícil dominar o público do jeito que o grande Simona dominava. Uma de suas brincadeiras era reger o auditório do seu programa de TV. Ele fazia tão magistralmente que chegou a reger 30 mil pessoas no Maracanãzinho. É, 30 mil. Quem faz isso?

O documentário, por mais que não seja perfeitamente isento, tenta mostrar as várias versões da história desse fantástico artista. Opiniões a favor e contra, confirmando e desmentindo, de quem conhecia e de quem não, vão aparecendo ao longo do filme. A edição dá um ritmo bastante gostoso ao filme, fazendo com que seja informação e entretenimento ao mesmo tempo. Na sessão que fui, a platéia era, na sua maioria, de pessoas acima de 60 anos. Ao final, durante os créditos, ninguém se levantou e quase todos cantavam as músicas. Mesmo morto, o sensacional Simonal continua a reger o seu público.