segunda-feira, 8 de junho de 2009

Dupla Nem Sempre de Dois


Duplicidade

Sabe aquele tipo de filme sem muita pretensão a não ser divertir a platéia? Pois é, Duplicidade é um deles. E cumpre o que promete. Diverte. E só, mas bem direitinho. As reviravoltas não são tão previsíveis, os diálogos são inteligentes, o humor é sutil e o romance é interessante. E embalado numa gostosa trilha do experiente James Newton Howard. Nada demais, mas tudo bem feitinho.

Em concordância com o título, é um filme de duplas. A primeira (e mais importante) é a dupla de atores principais. Julia Roberts e Clive Owen são considerados bonitos, apesar dos narizes que têm. Mas não são as narebas as únicas semelhanças entre eles. São ótimos atores, têm muito carisma e um excelente tempo de comédia. Essas qualidades fazem muita diferença no filme. Ela é uma ex-agente da CIA. Ele é um ex-agente do MI6 (o que soa como gozação, já que ele havia sido cotado para ser James Bond antes de decidirem pelo Daniel Craig). Os dois têm um romance meio complicado e decidem dar um golpe de 40 milhões de dolares. O filme é sobre o golpe e refaz, em flashback, a relação deles e a preparação do plano. O bate-bola entre eles funciona muito bem e o espectador fica na dúvida o tempo todo se eles se amam mesmo ou se estão trapaceando um ao outro. São atores sem exageros mas com muita expressão. Bela dupla.

Outra dupla do filme é a dos (verdadeiros) antagonistas: Tom Wilkinson e Paul Giamatti. São atores excepcionais e roubam a cena até quando fazem papéis bobinhos (Giamatti já foi até um orangotango, lembram?). E roubam a cena de novo. Tom Wilkinson merecia até aparecer um pouco mais. A cena dos dois, durante os letreiros iniciais, é a melhor do filme. Bela dupla.

A dupla mais impressionante do filme talvez seja a dos atores que fazem dois personagens de apoio da equipe do Clive Owen: Denis O'Hare e Kathleen Chalfant. Ele já chamou a atenção em Milk, A Troca e repete a parceria com o diretor em Conduta de Risco. Ela é uma atriz respeitadíssima de televisão, mas que, quando faz cinema, é sempre elogiada. Os dois são de uma segurança impressionante e dão credibilidade às saídas rocambolescas da história. Bela dupla.

Mas talvez a dupla mais importante seja uma dupla de um: Tony Gilroy. Ele é o diretor e o redator do filme. E se não repete a mesma qualidade de Conduta de Risco (até porque ele só está querendo entreter), ainda assim faz um filme interessante. A idéia é divertir a platéia e isso Duplicidade consegue. Este é só o segundo filme dirigido por Gilroy, mas ele vem se saindo muito bem. Como redator, sua carreira já é bem sólida (podemos citar a trilogia Bourne como exemplo). Bela dupla. De um.

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