sábado, 6 de junho de 2009

Um Resgate Obrigatório da Memória Musical do Brasil


Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei

Maravilhoso e obrigatório. Foi essa a minha sensação ao final da sessão de Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei. Não só pela qualidade do documentário, mas pelo resgate de um artista do quilate de Wilson Simonal. Conhecia pouco da história dele. Lembrava de uma música ou outra e não achava nenhuma delas boa (Meu Limão Meu Limoeiro ou Mamãe Passou Açúcar em Mim, por exemplo). E ainda tinha o caso dele ter sido acusado de delatar os colegas na época da ditadura. Já com dez minutos de projeção, uma certeza: eu não sabia nada sobre o Simonal. Nada mesmo.

Mesclando imagens de programas de TV com depoimentos de artistas, amigos e intelectuais, o filme vai construindo a história do negro, filho de empregada doméstica, que se tornou o maior artista da música brasileira nos anos 60 e 70. Num determinado momento, Miele declara que Wilson Simonal foi o maior cantor do Brasil. Não sei se ele foi o maior, mas é um deles (e são pouquíssimos a brigar pelo título). Mas, com certeza, foi o maior showman que esse país já teve e, me atrevo a dizer, um dos melhores do mundo. Ninguém fez ou faz o que ele fez. E como ele fazia de maneira fácil. O talento era tanto que não parecia ser difícil dominar o público do jeito que o grande Simona dominava. Uma de suas brincadeiras era reger o auditório do seu programa de TV. Ele fazia tão magistralmente que chegou a reger 30 mil pessoas no Maracanãzinho. É, 30 mil. Quem faz isso?

O documentário, por mais que não seja perfeitamente isento, tenta mostrar as várias versões da história desse fantástico artista. Opiniões a favor e contra, confirmando e desmentindo, de quem conhecia e de quem não, vão aparecendo ao longo do filme. A edição dá um ritmo bastante gostoso ao filme, fazendo com que seja informação e entretenimento ao mesmo tempo. Na sessão que fui, a platéia era, na sua maioria, de pessoas acima de 60 anos. Ao final, durante os créditos, ninguém se levantou e quase todos cantavam as músicas. Mesmo morto, o sensacional Simonal continua a reger o seu público.

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