sábado, 29 de maio de 2010

Timburtices demais...


Alice no País das Maravilhas

Como se esperou por esse filme! E ele chegou. E é lindo. Visualmente falando, não há metáfora aqui. Mas, infelizmente, é só. Tim Burton cedeu aos seus desejos e fez um filme só para ele.

O texto de Lewis Carroll não ajuda tanto assim. Aliás, os textos, pois esse Alice mistura Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho. Os livros são referências pelos detalhes, pelos intertextos, mas não são histórias tão fluentes assim. Os personagens são ótimos individualmente, mas não interagem de forma a tornar as histórias empolgantes. O filme tem o mesmo problema: não empolga. Mas é lindo. Ouso dizer que é mais lindo do que Avatar. E melhor dirigido, é claro.

Os atores estão todos bem. Uns mais, outros menos, mas estão bem. O destaque é o embate entre as duas rainhas. Helena Bonham Carter e Anne Hathaway constroem personagens bem antagônicos, como sugere o texto, mas tão fortes quanto. As duas atrizes seguem caminhos diferentes para explorar as riquezas das suas caracterizações. E o Tim Burton acerta nas permissões: a Rainha Vermelha é exuberantemente caricata, a Rainha Branca é sutil. Mas Burton erra ao forçar Johnny Depp a ser o Johnny Depp by Tim Burton. Se lembram do Willy Wonka da Fantástica Fábrica de Chocolate? Ele está de volta como o Chapeleiro. Com direito a dancinha ridícula no final.

Aproveitando que eu citei a Fantástica Fábrica de Chocolate, cá está o problema do filme: excesso de Tim Burton. Tim Burton na medida gera Peixe Grande (fantástico, maravilhoso!). Excesso gera esse Alice no País das Maravilhas. Muito Tim Burton. Muitas esquisitices. Salvam-se a direção de arte e a opção por filmar em 2D e transformar para 3D. Muito bem planejado e executado, o efeito dá a sensação daqueles livros infantis pop-ups. Uma delícia visual. Mas só. O resto, é Timburtice demais para um filme só.

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