sábado, 29 de maio de 2010

O jovem cinema americano


Tudo Pode Dar Certo

Fico pensando no que vai acontecer com o jovem cinema americano quando o Woddy Allen morrer. Sim, porque, hoje, ele é o cineasta que faz filmes com mais juventude nas terras do Tio Sam. A cada dia ele parece mais novo. Qualquer hora vai fazer uma comédia adolescente passada numa escola. E com música. Só que inteligente.

Tudo Pode Dar Certo já havia sido comentado magistralmente aqui pela Daniela Rangel. Mas já que vi o filme, também vou dar o meu pitaco. Filmaço. Não está no mesmo nível de Match Point e Vicky Cristina Barcelona, mas nem tem a pretensão de ser. E é ótimo assim mesmo. O estilo de roteiro lembra Poderosa Afrodite e Desconstruindo Harry, com um toquezinho de Seinfeld, até pela presença de Larry David. Nada que mude o estilo Allen de fazer comédia, mas há uma pontuação diferente.

David é Boris Yellnikoff, físico indicado ao Nobel, inteligentíssimo, sexagenário, rabugento e adepto da teoria de que qualquer coisa pode dar certo, o acaso decide. A vida vai sob controle até que ele conhece Melody, vivida com humor, beleza e sensibilidade por Evan Rachel Wood. Ela é o contrário dele: pouca cultura, jovem, linda e cheia de vida. E a partir daí, Woody Allen costura situações que fazem a história saltar do lugar comum para uma discussão crítica e divertida sobre relacionamentos. Todos eles, de todos os tipos, sem preconceitos.

Allen dirige atores como poucos no cinema mundial. Em Tudo Pode Dar Certo até os figurantes estão magistrais. Eles dão credibilidade à farsa com tom de verdade e fazem a história funcionar trocando os personagens principais a cada momento. Sim, não é uma história que está sendo contada, mas várias delas. E é o conjunto delas que dá coerência à discussão sobre relacionamentos. E a discussão tem um frescor, uma jovialidade, uma visão tão contemporânea que estabelece Woody Allen como o melhor diretor da nova geração. Por que ninguém tem um discurso mais jovem do que ele. Vida longa (e próspera) ao Sr. Allen. Pelo bem dos espectadores do jovem cinema americano.

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