quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Comentário Amigo - Tudo Pode Dar Certo, por Daniela Rangel


A vida como ela é

Tudo pode dar certo é um filme sobre sorte, acaso e como a vida não tem sentido. Sim, você já viu isso antes na obra de Woody Allen. O diretor há pouco tempo falou sobre como o acaso rege nossas vidas em Match Point, usando uma metáfora do jogo de tênis. Mas desta vez não há metáforas, meias palavras, tudo é muito direto. Tão direto que o personagem principal vira pra câmera e explica para a platéia suas teorias o tempo todo!

E que personagem principal. O grande trunfo de Tudo pode dar certo é justamente Boris Yellnikoff/Larry David. Sim, porque é difícil separar personagem do ator – e produtor e roteirista e criador de Seinfeld. Eles se confundem, quem assiste Curb Your Enthusiasm sabe que Larry David é extremamente mal-humorado, irritante, pessimista. Não se engane, pela descrição de Boris, pode parecer que o filme é baixo-astral. Pelo contrário, os diálogos são divertidos e os personagens, bastante engraçados.

É por pura obra do acaso, num tropeção, que Boris conhece Melodie (Evan Rachel Woods), a lourinha do interior ignorante, que vai ser o perfeito contra-ponto para o gênio, físico especialista em Teoria das Cordas. A interação entre eles vai modificando o modo de encarar a vida de ambos, ela talvez mais que ele. E mais não dá para falar porque estragaria as surpresas do desenrolar da trama.

Basta saber que com Tudo pode dar certo é imperdível. Com este filme, Woody Allen mostra que a vida é uma seqüência de circunstâncias, não há porque ficar procurando algum sentido para as coisas serem do jeito que são. Para alguns, o filme vai parecer desanimador. Mas, para mim, é simplesmente a realidade.

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