terça-feira, 15 de dezembro de 2009

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Julie & Julia

Nora Ephron sabe contar uma história. Ainda mais se a história é sobre relacionamentos. Desde o tempo em que era só roteirista, já sabia. É dela o genial roteiro de Harry & Sally - feitos um para o outro e ótimo (e denso) roteiro de Silkwood. Depois, quando virou diretora de suas próprias histórias, alternou bons e maus momentos. Fez porcarias como A Feiticeira e Bilhete Premiado (está certo, é com a Lisa Kudrow, o que compromete qualquer filme), mas acertou em cheio com Sintonia de Amor, Mensagem Para Você e Michael - anjo e sedutor (subestimado bom filme, na minha opinião). Agora, Nora nos presenteia com Julie & Julia. Uma deliciosa combinação de duas histórias.
A história que dá motivo ao filme é sobre Julie Powell, uma mulher de 30 anos, frustrada profissionalmente, mas feliz no casamento. O marido é daquele tipo que está sempre procurando apoiar a sua esposa e, num desses apoios, ela começa um blog onde se propõe a contar o dia-a-dia do seu desafio, refazer em 1 ano todas as receitas do livro de Julia Child. Julie é interpretada com doçura pela ótima Amy Adams. Amy precisa de papéis mais desafiadores, pois tem talento. Não pode se conformar com Encantada e Uma Noite no Museu 2. Ela é melhor que isso, como demonstrou em Dúvida e Retratos de Família, filmes que lhe renderam suas 2 indicações ao Oscar. Ao lado dela, Chris Messina está no tom certo como o maridão que dá suporte.
Mas é na outra história que o filme apresenta a razão de ter sido feito. É a história de Julia Child que permite a existência da outra história. Julia Child foi a mulher que "ensinou culinária francesa aos americanos". Como Julie, estava frustrada nas suas tentativas de hobby/profissão e tinha um marido que dava o maior apoio às suas iniciativas. A história, por si só, já é boa, mas os personagens ganham uma dimensão descomunal por causa dos seus intérpretes. O que falar de Meryl Streep? Uma das maiores atrizes da história do cinema. E quando achamos que já vimos tudo o que ela pode fazer, ela nos apresenta Julia Child. Soberba, impressionante, inesperada, inexplicável. Ao seu lado, um dos maiores atores da atualidade, mas especialista em papéis secundários: Stanley Tucci. Ele já foi o chefe de segurança que não deixa o Tom Hanks sair do aeroporto em O Terminal, o amigo dançarino do Richard Gere em Dança Comigo? e o assistente de Miranda Priestly em O Diabo Veste Prada. Aqui ele faz um Paul Child irrepreensível e encantador. Não haveria história se não houvesse Paul Child. E ela não teria a menor graça se não fosse esse Paul Child do Stanley Tucci.
Se o filme não é uma obra-prima, ainda assim é um bom filme. Não tem pretensões de fazer alguma reflexão sobre a condição humana. É entretenimento. E diverte, falando de relacionamentos. Coisa que a Nora Efron sabe fazer muito bem.

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