terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Come on, Guy!


Sherlock Holmes

O medo que todos alimentavam de que o Guy Ritchie fosse fazer um Sherlock Holmes completamente diferente do personagem dos livros acabou. O filme estreou e o detetive inglês criado por Sir Arthur Conan Doyle está bem representado nas telas. Está diferente dos textos sim, mas nada que nos incomode tanto assim. Ao final, a impressão que temos é que ele está mais jovem e menos (só um pouquinho) carrancudo. O problema foi a propaganda enganosa do trailer. Achamos que seria um filme de ação. Não, é um filme de dedução, muita dedução. Mais que isso, é um filme do Guy Ritchie e, portanto, os diálogos e as relações são mais importantes que o resto.

Eu gosto dos filmes do Guy Ritchie. Apesar dele não ter feito mais nada no nível de Snatch - Porcos e Diamantes e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, seus filmes são sempre divertidos. No caso específico de Sherlock Holmes, a primeira parte do filme é uma contradição: ela é bem Guy Ritchie, mas não é divertida. A trama não funciona, o humor não engrena, é tudo um pouco chato, apesar dos diálogos impecáveis e das relações interessantes. Enquanto assistia, me lembrei do trailer frenético e pensei "se houvesse um meio-termo"... E aí veio a segunda parte e a boa combinação entre ação, diálogos e personagens passou a divertir. E muito. Já estão preparando a continuação. Que seja no ritmo dos últimos 45 minutos do filme.

O elenco é um charme a parte no filme. Robert Downey Jr. está na sua fase hype. A sua atuação não está essa coisa toda, mas o seu carisma está no topo. Rachel McAdams é uma daquelas coisas que nunca entenderemos no cinema americano. Colocam-na como se fosse a mulher mais linda do mundo e não é nada disso. Em Ipanema não ganharia nem um fiu-fiu. Mas é muito boa atriz e dá conta do recado. O elenco de apoio também está bem, todos com aquela presença de cena de comédia inglesa. Mas é Jude Law que rouba a cena. É um grande ator e faz um Watson com detalhes de emoção. Cada vez que está em cena, Law obscurece a presença dos outros.

No final, o filme diverte e ficamos na expectativa da continuação. O roteiro deixa boas pontas para a próxima aventura. E torcemos para que seja como na segunda metade do filme: o bom meio-termo entre ação e Guy Ritchie.

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