domingo, 14 de fevereiro de 2010

Jovem, aliste-se já!


Guerra ao Terror

Vou começar confessando uma coisa: não me empolgo muito com filmes de guerra. Gosto muito de alguns, como Apocalipse Now, Falcão Negro em Perigo e Platoon, mas não sou daqueles que vai ao cinema porque o filme é sobre guerra. Não vejo a menor graça nisso. Mas se há uma boa história a ser contada...

Guerra ao Terror me deixou na dúvida se é ou não um bom filme. Afinal, qual história está sendo contada? Com certeza, há a de William James, especialista em desarmar bombas e, ele mesmo, uma bomba ambulante. James é interpretado com muita garra por Jeremy Renner (que já tinha mostrado qualidade em O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford) e ganha rapidamente a simpatia do público. Mas lá pela terceira bomba a ser desarmada você já não está mais encontrando novidades na sua história. E o filme vai assim, impressionando pela frieza das cenas, pelo ritmo da ação, mas não tendo mais uma história para contar. O bom elenco ainda causa a sensação de que alguma coisa possa interessar, mas essa coisa não aparece. Para os apreciadores de Lost, ainda há a Evangeline Lilly atuando com o mesmo peso dramático da mistériosa história de J. J. Abrams: nenhum.

Na direção, no entanto, parece vir a grande qualidade de Guerra ao Terror (e a grande surpresa, também). Kathryn Bigelow ganhou destaque por Caçadores de Emoção, filme muito simpático que faz a gente gostar até do Gary Busey. Depois disso, fez 2 ou 3 filmes com direção burocrática e que não empolgaram. Pois nesse aqui, ela invade a ação e coloca o espectador no meio da tensão das cenas. A direção frenética dá a real sensação da paranóia da guerra. E é nessa sensação que esbarramos num outro defeito do filme. Lá pelas tantas, a história ganha um ar de propaganda militar, do tipo "Jovem, aliste-se já!", que incomoda um pouco.

E toda a sensação que Guerra ao Terror está sendo nas premiações? Pois é, não achei que é filme para isso tudo. Superestimado, mas bom filme. Vale a ida ao cinema, mas não vai mudar o modo como você vê a guerra e suas consequências. A menos, claro, que você queira se alistar no exército americano...

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